Segundo estudo de mercado interno realizado pela Neovero Sistemas, em 2016 apenas 24% dos hospitais brasileiros contavam com um software de gestão de engenharia clínica, no caso dos hospitais públicos resultado, o resultado foi ainda pior: apenas 8%.
Embora o argumento técnico para a implantação de um sistema de gestão tenha sido tradicionalmente a redução de custos com a manutenção dos equipamentos (tanto interna quanto terceirizada), existem outros fatores com alto impacto na qualidade do serviço hospitalar que devem ser levados em conta, entre eles e principalmente a análise de riscos e segurança do paciente.
Diante dos desafios da gestão de engenharia clínica do século XXI, os gestores hospitalares e os fornecedores de serviços de assistência técnica e de engenharia clínica terceirizada devem se fazer uma pergunta: é possível realizar um gerenciamento profissional que atenda o marco regulatório brasileiro, garantindo a segurança do paciente e maximizando a gestão da manutenção de equipamentos médicos, sem o uso de ferramentas desenvolvidas especificamente para o ambiente hospitalar?
A resposta é simples: não. Pois, o gerenciamento sem suporte informático especializado é inviável. Por isso, 92% dos hospitais públicos do Brasil, ou em termos gerais, 76% do total de hospitais brasileiros, estão jogando fora recursos financeiros e humanos tão necessários em épocas de crise e, principalmente, assumindo riscos para a segurança do paciente. Dentre os itens que não devem ser controlados sem uma gestão informatizada encontram-se:
- O controle das datas de vencimentos dos registros ANVISA.
- A priorização de atendimentos em base à criticidade dos equipamentos.
- A verificação das datas de end of service e end of life dos fabricantes para cada modelo de equipamento.
- A fiscalização dos contratos com fornecedores, tanto em termos qualitativos (SLA) como quantitativos (auditoria de custos).
- A fiscalização do processamento de dados massivo do histórico de manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos.
- A inspeção dos certificados de calibração e seus vencimentos.
- A análise objetiva de dados para a tomada de decisões para:
- obsolescência de equipamentos,
- prorrogação de contratos de manutenção,
- avaliação de compra de novos modelos e fabricantes,
- Produtividade dos técnicos e serviços terceirizados,
- disponibilidade dos equipamentos.
A ausência de controle de alguns destes itens tem impacto direto tanto na conta de resultados do hospital, quanto na qualidade e disponibilidade do serviço oferecido ao paciente.
Será que dispomos de dados suficientes para o dimensionamento da nossa equipe técnica? Devemos estender o contrato de manutenção daqueles modelos de equipamento próximos a vencer? Deu certa aquela aquisição de equipamento ou, pelo contrário, deveríamos confiar num outro fabricante nas futuras compras? Por que a disponibilidade de aquele tomógrafo e bem menor que o mesmo modelo instalado na unidade hospitalar vizinha? As respostas a estes questionamentos habituais não existem, ou podem estar erradas sem uma gestão global que inclua o uso de um software de gestão corretamente implementado e atualizado.
Talvez os órgãos públicos responsáveis exijam no futuro o uso de um sistema de gestão de engenharia clínica aos hospitais brasileiros. Enquanto isso, devemos advertir aos gestores hospitalares das consequências dos gerenciamentos “manuais”.